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segunda-feira, 17 de março de 2014

Nação start-up

A coluna desta semana foi escrita de Israel, onde me encontro com um grupo de professores, pesquisadores e empreendedores, procurando entender o fenômeno do empreendedorismo neste país, também conhecido como "start-up nation" em função de milhares de empresas iniciantes de tecnologia que o país produziu nos últimos anos.

Ficou clara para nós a importância de uma política pública integrada em prol do empreendedorismo. A base do espírito empreendedor é construída ainda no Exército, obrigatório para a grande maioria dos israelenses ""três anos para homens e dois anos para mulheres.

Nas Forças Armadas, os jovens são expostos a uma série de desafios e desenvolvem habilidades de liderança, tecnologia, trabalho em equipe e tolerância ao risco.

Outra iniciativa interessante é o apoio do governo a incubadoras privadas, em que empresas incubadas recebem US$ 300 mil por ano para desenvolver seus projetos, sendo que 85% do valor é bancado pelo próprio governo.

Mas nada me chamou mais atenção quanto as políticas desenvolvidas para receber e integrar ao sistema produtivo os quase 1 milhão de russos vindos da extinta União Soviética, muitos dos quais cientistas com excelente formação e que tiveram uma contribuição decisiva para que Israel passasse a ser a start-up nation.

Nos anos 80 e 90, pesquisadores brasileiros se revoltavam contra o "brain drain" ou evasão de cérebros, pois muitos pesquisadores brasileiros que concluíam seus doutorados no exterior acabavam não retornando ao país por encontrarem melhores condições de trabalho fora. Hoje, temos condições de atrair mão de obra qualificada, em função da crise na Europa e nos Estados Unidos.

Por isso, causam surpresa os recentes protestos contra a entrada de médicos ou a dificuldade de engenheiros vindos do exterior reconhecerem seus diplomas no Brasil.

Faltam médicos e engenheiros no país e, em vez de desenvolvermos políticas para receber tais profissionais, que levam anos e anos para se formarem, colocamos barreiras inexplicáveis para evitar que trabalhem aqui.

tales andreassi

Tales Andreassi é mestre pela Universidade de Sussex e doutor em administração pela USP. É professor e coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-SP, onde ensina empreendedorismo e inovação.

 

FONTE: http://zip.net/bjmNXx

Publicado originalmente em 12/01/2014 02h09

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