Aproveitando que ontem foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, é oportuno notar que cada vez mais o empreendedorismo vem sendo considerado como uma opção de carreira consistente para elas. Tal fato foi referendado pelo relatório executivo da Pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), segundo o qual cerca de 40 milhões de pessoas estão envolvidas com alguma atividade empreendedora. Desse total, 19 milhões são mulheres.
Uma das razões que as levam a abraçar a carreira empreendedora é a flexibilidade, algo ainda difícil no mundo corporativo. Isso não quer dizer que ela irá trabalhar menos, muito pelo contrário. No entanto, o fato de ela poder gerenciar a sua rotina ou instalar sua empresa perto de sua casa ou da escola dos filhos faz diferença.
A mulher ainda se culpa mais por não acompanhar de perto a educação dos filhos e o dia a dia deles. Participar da festa na escola, ter ao menos uma refeição por dia com eles e ajudar na lição de casa são atividades importantes para elas, que acabam se ressentindo caso não as exerçam.
Embora haja várias exceções, as empresas também não colaboram muito: todos nós já ouvimos casos de empresas que "pediram" que suas executivas retornassem ao trabalho antes do término da licença-maternidade.
Há outra questão subjacente ao desenvolvimento da mulher empreendedora. Em geral, quando uma mulher melhora sua renda, parte desse montante é reinvestido em seu entorno, na educação dos filhos ou reforma da casa, beneficiando e gerando empregos na comunidade. Por isso, vários programas sociais têm como foco a mulher, pois assim há uma maior probabilidade de mais pessoas aproveitarem os benefícios alcançados.
Infelizmente, os negócios escolhidos por elas ainda são em setores mais tradicionais e tipicamente femininos, como serviços de beleza ou confecção, que não possuem alta escalabilidade (potencial de crescimento). É uma pena, pois as mulheres possuem algumas características que são muito importantes para o empreendedorismo, tais como intuição, capacidade de formar uma boa rede de contatos, comunicação, entre outras.
Tales Andreassi é mestre pela Universidade de Sussex e doutor em administração pela USP. É professor e coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-SP, onde ensina empreendedorismo e inovação.
FONTE: http://zip.net/bsmPpt
Publicado originalmente em 09/03/2014 01h30