Eles desafiam o status quo e introduzem e implantam inovações nos ambientes nos quais estão inseridos
Por Laura Cristina Pansarella*
Monet, Manet, Pissaro, Degas e Renoir foram, sem sombra de dúvidas, gênios criadores. Mas, mais do que isso, foram verdadeiros empreendedores. Sim, empreendedores institucionais. Com a ajuda de amigos e aliados, foram capazes de institucionalizar um novo estilo de pintura, o qual valorizava sobretudo a luz, as cores e as pinceladas mais soltas, em oposição ao estilo da pintura realista dominante na época.
O que poucos sabem é que foram também atores protagonistas que lutaram pelo reconhecimento do trabalho e da carreira de artistas marginalizados, revolucionando assim o sistema de arte da época. Mas, afinal, e o que caracteriza os empreendedores institucionais? Empreendedores institucionais vão além das inovações organizacionais. Desafiam o status quo e introduzem e implantam inovações nos ambientes nos quais estão inseridos. Provocam rupturas e verdadeiras revoluções. Por isso, não raramente são aclamados como heróis. Podemos considerar que Mahatma Gandhi foi um dos maiores empreendedores institucionais de todos os tempos, ao mobilizar discursos em torno da independência da Índia.
Casos como esses não são muito comuns no mundo. Fascinam não somente cientistas como também o público em geral. Entre eles podemos citar, por exemplo, um grupo de agentes que lutou pela mudança da imagem das baleias no Canadá – de nocivas a queridas –, o que possibilitou a estruturação do mercado de ecoturismo em torno da observação dos animais. No início dos anos 80, a adoção de novas práticas de RH por um grande escritório de advocacia dos Estados Unidos pode ser considerada outro exemplo. Antes, os advogados que completassem alguns anos de carreira dentro dos escritórios e que não fossem promovidos a sócios eram convidados a sair das empresas. As novas práticas disseminaram-se pelo setor, configurando uma nova relação de trabalho entre os advogados e os escritórios.
Mas “mudar o mundo” definitivamente não é tarefa fácil. Além de boa vontade, exige determinação, coragem e disposição para romper com a estagnação. E, sobretudo, muita cooperação, pois mudanças como essas advêm de construções sociais.
No Brasil, nossos agentes têm feito um excelente trabalho. ONGs e entidades que promovem o empreendedorismo, a mídia de negócios, as universidades e, claro, os empreendedores vêm transformando a imagem do empreendedorismo no Brasil. As estatísticas do último GEM Brasil confirmam que nossos empreendedores, hoje, são valorizados pela sociedade. No entanto, à parte de impressionistas – ops! – quer dizer, impressionantes empreendedores, o que precisamos definitivamente exigir é a cooperação dos agentes da área pública, que possibilitem reformas regulamentais e éticas, transformando as condições de se empreender no país. E viva a impressão do nosso "sol nascente"!
*Laura Cristina Pansarella é gestora e coordenadora de projetos do FGVcenn (Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios) da FGV e pesquisadora de empreendedorismo nas Indústrias Criativas.Email: Laura.pansarella@fgv.br
Fonte: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI320542-17141,00-IMPRESSIONANTES+EMPREENDEDORES.html (Publicado em REVISTA PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS).
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